2 de dezembro de 2020

Os desafios da mulher ao empreender no Brasil


Os desafios para qualquer pessoa se tornar um empreendedor de sucesso são inúmeros. Porém, quando falamos nas experiências das mulheres, o cenário de dificuldades se intensifica, pois, além das barreiras de gerenciamento de negócios, outros fatores como percepções sociais e pautas sexistas têm grande influência no dia a dia.

Mesmo com as mulheres ganhando espaço no mercado de trabalho, sobretudo na segunda metade do século XX, somente agora, no século XXI, podemos vê-las tendo reais oportunidades de criarem e planejarem suas carreiras.

Principais impasses enfrentados por quem quer ter autonomia

Para exemplificar, é possível destacar alguns dos obstáculos vivenciados pelas brasileiras:

  • Múltipla jornada de trabalho

Mesmo com o passar dos anos e a evolução da sociedade, o grupo feminino continua sendo o maior responsável pelas tarefas domésticas, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea. Contudo, dados do estudo apontam: mais de 40% das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres e, em sua maioria, elas têm níveis escolares mais altos em comparação aos dos homens.

Esse comportamento demonstra como, além de administrarem empresas, ainda são responsáveis pela execução das atividades do lar e cuidado com os filhos. Não obstante, ainda têm de encontrar espaço para os estudos. Esse tipo de dupla ou até mesmo tripla jornada traz malefícios, como sobrecarga física e psicológica.

  • Sexismo

Não é surpresa para ninguém como a realidade feminina no mundo dos negócios ainda é muito diferente da masculina. Afinal, em uma boa quantidade de casos, o simples fato de ser do grupo faz acionistas e investidores desacreditarem e diminuírem a credibilidade do projeto, além de duvidarem da capacidade de gestão da empreendedora. Cenários como esse são comuns e refletem a imagem construída ao longo dos anos de desigualdade.

  • Falta de incentivo por parte da família

Há quem veja este como um dos piores impasses. Atualmente, não é difícil encontrar relatos de quem já é bem-sucedida, mas passou por situações desconfortáveis e desafiadoras no início de suas jornadas. Em momentos como esse, vale a pena buscar apoio em outros âmbitos, como novas amizades ou conexões capazes de beneficiar o andamento da empreitada.

  • Limitação de crédito

Conseguir crédito no mercado é sempre uma tarefa difícil. Porém, para elas, esse processo pode ser ainda pior. Influenciados por questões preconceituosas, muitos credores trabalham com linhas financeiras menores e com taxas de juros mais elevadas. Segundo dados da Rede Mulher Empreendedora, 59% das empreendedoras investiriam mais em suas empreitadas se tivessem a oportunidade de negociar taxas mais atrativas, enquanto 38% garantem ter necessidade desse crédito, mas não têm acesso.

  • Uma história de sucesso

À frente do maior e-commerce de semijoias do Brasil, Francisca Joias, está Sabrina Nunes. Ela iniciou as vendas com apenas R$ 50 e aproveitou o mercado ascendente da Internet para traçar a estratégia responsável por fazer a marca se destacar. “Quem é um pequeno empreendedor e está dando os primeiros passos neste momento tão difícil deve observar a importância da cibernética e fortalecer a sua presença digital”, reflete.

Pensando em ajudar quem quer correr atrás dessa autonomia, ela dá algumas dicas:

1. Investimento em marketing digital

Pioneira em utilizar estratégias de inbound marketing para a loja on-line, Sabrina faz uma comparação: “possuir uma venda na rede é como ter um estabelecimento na rua mais movimentada do mundo”. Para ser notado pelos clientes, é preciso de divulgação. A marca embarcou com tudo em estratégias, usando SEOblog próprio, redes sociais, landing pages e ferramentas de vendas e análise para se consolidar entre o público-alvo e gerar leads de qualidade.

2. Experiência diferenciada

O relacionamento entre a entidade e o consumidor é próximo e também ágil, pois o público é exigente e não dá oportunidade para amadorismo. “Uma das principais estratégias é cuidar do target. Mesmo com as vendas feitas pela web, procuramos quebrar a frieza”, conta Sabrina. A vivência positiva é importante também durante a parte física do processo. Na entrega, o consumidor recebe o produto em uma embalagem caprichada e aromatizada, complementando a jornada.

3. De olho na concorrência

Com cada vez mais pessoas conectadas, há mais oportunidades de vender e ganhar fregueses. Segundo o estudo “Perfil do E-commerce Brasileiro”, feito por BigData Corp e PayPal, já existe quase 1 milhão de lojas virtuais no Brasil. Essa concorrência obriga o mercado a deixar de ser amador. Portanto, se você não se digitalizar, vai perder espaço. É essencial monitorar como anda a evolução das outras companhias e selecionar seus benchmarks – ou seja, aquelas referências capazes de inspirar a entidade a ser cada vez melhor.

“Alguns estudos de casos comprovam como 80% do potencial de melhorias em uma companhia, surgem a partir de ideias internas vindas dos próprios colaboradores. Porém, a caminhada a ser percorrida na implementação de um modelo de organização orientado ao estímulo de ideias e fomentos de negócios internos pode ser longa e desgastante”, destaca Juliana Cruz, consultora de inovação e estratégia na Play Studio.

Ela destaca como contar com um bom planejamento estrutural e as ferramentas certas pode ajudar a obter sucesso nessa trajetória. Para isso, é fundamental a companhia olhar com atenção para os pilares chave da estruturação do modelo intraempreendedor: engajamento dos colaboradores, cultura organizacional e liderança. “Atuar nos valores corporativos dessa forma exige a abertura de novos canais de comunicação, com o objetivo de garantir a todos terem voz. Consequentemente, isso gera maior engajamento entre os talentos admitidos, potencializando o senso de pertencimento”, diz Juliana.

Fonter : Nube

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